Amamentação e Síndrome de Down

Apesar de todos terem ciência do valor da Amamentação para o crescimento saudável da criança e para a mulher, o desmame ainda é precoce. A não amamentação ou a introdução de mamadeira é ainda mais prevalente nos bebês com Síndrome de Down (SD). Neste caso, a amamentação deve ser devidamente valorizada e apoiada, pois promove os seguintes benefícios:

– Protege contra infecções e problemas gastrointestinais: bebês com SD são mais propensos às infecções respiratórias e constipação, cólicas, regurgitação ou refluxo gastroesofágico. O Leite Humano provê imunidade e é de fácil digestão.

– Estimula a coordenação oral para sucção e deglutição: o ato de mamar ao seio ajuda estes bebês a fortalecerem sua estrutura oro-facial, que facilitará o desenvolvimento da linguagem posteriormente.

– Estimulação extra: o maior contato pele-a-pele propiciado automaticamente pelo aleitamento natural dá ao lactente estímulos sensoriais que possibilitam alcançar mais plenamente suas potencialidades.

– Proximidade entre o binômio: a amamentação, quando está indo bem, pode estreitar o apego entre a mãe e seu filho, sendo fonte de prazer mútuos. O recém-nascido precisa de colo, aconchego e sua mãe precisa senti-lo, vincular-se e “readotá-lo”. Estes contatos íntimos que só a amamentação propicia são o melhor começo para a vida de ambos.

– Realçando as habilidades maternais: a capacidade da mulher de alimentar seu bebê por si própria aumenta sua auto-estima.

Mesmo quando os bebês precisam estar em Unidades de Terapia Intensiva ou Berçários, a mãe deve lhe prover colostro (o precursor do Leite Materno que é riquíssimo em anticorpos e leucócitos) e depois da apojadura (primeira descida do leite que ocorre entre 2-5 dias pós-parto) lhe ofertar seu leite. Para isto ela precisa ser apoiada para a ordenha manual ou com bombas eficazes e assegurar que seu RN receba este leite por conta-gotas, seringas ou copinhos e nunca por chuquinhas ou mamadeiras. Isto é importante para a profilaxia da chamada “confusão de bicos”, isto é, o bebê perde o reflexo de sucção ao seio, o que lhe exige maior esforço.

Um estudo (Aumonier 1983) com 59 bebês com SD relata que 52% não tiveram problemas de sucção. Porém, a maioria dos RNs com esta Síndrome tendem a ser “moles”, ou seja, tem um baixo tônus muscular (chamado de hipotonicidade), e alguns podem não estarem aptos a terem uma amamentação eficaz logo de início. Um RN assim, precisa de uma ajuda extra para achar, abocanhar e permanecer ao seio. Temos que esclarecer a esta mãe que a força muscular e de sucção vai evoluindo com o tempo e com a prática. Um lactente hipotônico pode ter dificuldade de colocar sua língua em volta do mamilo e da areola quando estiver mamando. A língua achatada ou plana (ela normalmente na mamada fica concavada) pode causar que o leite que está sendo engolido escorra pelos cantos da boca. Em função disso, o esforço dele é maior para ter menos leite. Então, as mulheres precisam ter uma disponibilidade ainda maior, principalmente nas primeiras semanas.

É também muito comum, os bebês serem “preguiçosos” e dormirem entre e durante as mamadas. Durante as primeiras semanas de vida, isto pode trazer uma dificuldade a mais para o aleitamento. Se ele não mama freqüentemente e por um tempo satisfatório, ele pode não ganhar peso suficiente.
Para superar as dificuldades:

– Tente interessar seu bebê a mamar freqüentemente durante o dia: ajude-o a ter mamadas curtas e freqüentes (menor que 10 minutos de sucção efetiva em cada peito a cada 2-3 horas) será melhor que mamadas longas e espaçadas.

– Desperte o lactente antes de oferecer o seio e o estimule a manter-se interessado durante a mamada: há posições que favorecem o sono (com o bebê deitado) que então, devem ser evitadas, carinhos vigorosos nos pés e na cabeça também podem ser usados; verifique se ele não está muito agasalhado; banhos também podem fazer com que fiquem mais despertos.

– Dê ao bebê bastante colo e converse sempre com ele: um “baby bag” pode facilitar estas tarefas. Permaneça com ele andando pela casa, falando ao telefone, colo não vicia.
Posicione o Bebê Bem Junto ao Seio

Quando colocar o RN para mamar, certifique-se que ele está bem posicionado. Ele precisa gastar toda a sua energia para a sucção e não pode desperdiçá-la para sustentar a sua cabecinha ou para manter seu corpo para o alto a fim de alcançar o seu peito. Travesseiros, almofadas e poltronas com braços e apoio para os pés ajudam a pega ideal e mantê-lo numa posição horizontal em relação a você. Tudo isto faz ele mamar melhor e com menos esforço.
Evitando Engasgar e Sufocar

Eles têm maior tendência a engolir com dificuldades e de se “afogarem” por causa do baixo tônus muscular e suas vias aéreas ficam desprotegidas ao deglutirem. Se isto for um problema, você tem que tentar colocá-lo numa posição onde o pescoço e a garganta dele fiquem mais altas do que seu mamilo. Usando as seguintes posições:

* Adicione mais um travesseiro sob o bebê e incline-se ligeiramente para trás de modo que seu peito esteja num angulo para cima.

* Apoie-se numa cadeira de balanço com seus pés sobre uma almofada ou banqueta, fazendo com que seus joelhos fiquem para cima.

* Deite-se com ele ao seu lado com uma toalha de banho dobrada abaixo dele, de forma que o rosto dele esteja ligeiramente angulado para baixo em relação ao seu mamilo.

 

Um procedimento que deve acontecer com todos os lactentes ao serem colocados para mamar, é que sua boca tem que estar bem aberta para abocanhar o mamilo e parte da aureola. Às vezes é necessário abaixarmos sua mandíbula (maxilar inferior) com as nossas mãos, nas primeiras semanas, nos bebês com baixo tônus muscular.

O bebê prétermo ou de baixo peso pode necessitar que a sua mandíbula e o seu queixo sejam sustentados para que ele sugue bem. Até que ele fique mais forte você pode usar sua mão e seu dedo indicador abaixo do maxilar inferior, apoiando seu queixinho.

Relembre-se que não existe leite fraco ou pouco leite. É preciso de um acompanhamento pediátrico para verificar a eficácia das mamadas. Ás vezes é preciso retirar o leite materno dos seios e ofertá-los nos intervalos das mamadas. Apenas os bebês que possuem severas anormalidades cardíacas é que não sugam muito bem e consequentemente podem não engordar como o esperado.

É um desafio a amamentação de um bebê com SD, mas logo as vantagens são percebidas e quando bem apoiado o AM é muito prazeroso para ambos.

 

Fonte: http://www.aleitamento.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=719

Prof. Marcus Renato de Carvalho

 

 

 

 

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