Em 20 de Junho de 1983, um grupo de pais e profissionais fundou a Associação dos Mongolóides de Piracicaba, a segunda entidade do gênero a ser legalmente constituída no Brasil. Ao longo desses anos, muita coisa foi mudando, desde a maneira como se entende a síndrome de Down, até as leis e políticas públicas relativas às pessoas com deficiência. Tudo isso foi exigindo a reformulação dos termos, do estatuto, do plano de trabalho e da identidade da instituição.
Desde então, o Espaço PIPA tem realizado, cada vez mais, um trabalho em rede, que ganha força à medida em que agrega parceiros que vão desde órgãos e espaços públicos, as empresas, outras entidades e pessoas físicas (doadores, voluntários e profissionais). Tal trabalho se desdobra concretamente em alguns projetos que compõe o dia-a-dia da entidade, são eles:
O projeto ADOLETÁ, que tem como foco o acolhimento à família que tem que superar o luto do filho não idealizado, através do acompanhamento de psicóloga, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, arte educadora e professor de música, com interações em grupos de mães/pais e bebês, propondo ações determinantes para um desenvolvimento saudável na primeira infância e a não produção da deficiência.
Chegando na adolescência, o projeto CALEIDOSCÓPIO tem por finalidade acompanhar o desenvolvimento escolar dos atendidos. Neste caso, os pedagogos se deslocam às escolas para avaliar e orientar professores e coordenadores. Também são oferecidos encontros formativos para os professores, com o intuito de encontrar estratégias conjuntas para favorecer uma educação de qualidade para todos.
O projeto JUNTOS & MISTURADOS busca, através do esporte unificado em 8 modalidades – natação, karatê, taekwondo, tênis de mesa, futsal, ginástica rítmica, atletismo e capoeira – o desenvolvimento físico e dos valores da inclusão. Essas atividades são realizadas em vários locais da cidade de Piracicaba como Academia Moretti, Clube Cristovão Colombo, Varejão do Tatuapé, escolas estaduais João Romão e Abgail De Azevedo Grillo. Este projeto atende mais de 200 crianças e adolescentes com deficiência intelectual, autismo ou síndrome de down e crianças/adolescentes sem deficiência em vulnerabilidade social. Em 2017, foram realizadas 667 oficinas esportivas e 17 torneios com a conquista do bi-campenato estadual e brasileiro de tênis de mesa nas paraolimpíadas escolares. Na mesma modalidade, nas Olimpíadas Especiais Brasil 2018, nosso atleta consagrou-se campeão e disputará a etapa internacional nos Emirados Árabes em 2019. Tais projetos são possíveis por meio do financiamento pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescentes de empresas sediadas na cidade, e também pessoas físicas, via Imposto de Renda.
Na vida adulta, o Grupo de Iniciação Profissional oferece assessorias aos interessados no mercado de trabalho a partir dos 16 anos, e para as empresas, em parceria com SEMTRE. Além disso, o projeto Capacita Pipa oferece formação continuada às equipes de saúde, educação, assistência social, e demais profissionais que atuam nos serviços voltados ao público com deficiência, a fim de reforçar e aplicar o novo entendimento da condição de deficiência, a partir do Modelo de Barreiras Sociais da Deficiência (ou Modelo Social), que vê a deficiência como o choque que ocorre entre pessoas com desabilidades e as barreiras excludentes ou impeditivas socialmente impostas nos mais diferentes âmbitos de suas vidas.
A comemoração dos 35 anos de trajetória da entidade começou com a cerimônia solene na Câmara dos Vereadores de Piracicaba, que aconteceu no último dia 20 de Junho, trazendo muitas homenagens, tais como aos que presidiram a instituição desde sua fundação e seus familiares: Saly Elias Gerdes (in memoriam), Antônio Aparecido Berto, Silvia Helena Machuca, Fernando Ferraz Domingues, Antônio Carlos Pozar, Fernando Ferraz Domingues, Fabiane Gomes Fischer de Oliveira, e o atual presidente Carlos Alberto Montanhini.
Além destas, as homenagens se estenderam para a ex-funcionária Creuza Salvador e a funcionária Silvia Danielly de Araújo Marchete, que representou a equipe técnica do Espaço PIPA.
“Tudo que era um sonho, uma utopia, por não haver, na época, leis estabelecidas ou regulamentos que garantissem os direitos das pessoas com deficiência, hoje faz parte do cotidiano da entidade, que continua sua missão de garantir os direitos das pessoas com deficiência intelectual, o que está ligado, principalmente, à promoção do desenvolvimento saudável desde a infância e a garantia do exercício da cidadania, ou seja, poder participar efetivamente de todos os contextos: familiares, escolares, laborais e sociais”, ressalta o presidente Carlos Alberto Montanhini.